um post

12Set09

em branco também diz muito.


Palavras?

09Set09

às vezes,

08Set09

quando a cegueira/sigueira do dia nos deixa olhar um pouco a vida de outros, vale a pena ver:  http://www.lifewithoutlimbs.org/ e depois vale a pena olhar para nós.


incluindo eu,

08Set09

 já repararam que há uma certa quantidade de pessoas que quando está a ser fotografada metes os braços como se fosse tourear ou como se estivessem cansados? a minha pergunta é: porquê? nao acredito que isto seja genero: se ele faz eu faço tambem, depois tambem nao acredito que seja algo que seja contagioso, então va lá, alguem me explique, meus amigos, porquê…?


mortail coin

08Set09

modo protegido

08Set09

Modo protegido, invadido, perseguido por um labirinto de evidências. Assim renascem cantigos de outrora, aos meus ouvidos rebentos de uma raiz nascida no mesmo dia que eu. nada digo eu, será nos meus dias diferente de mim. das evidências postas à minha roupa como adornos para só eu me relembrar que existem. nada sei eu, será menos ou mais do que a importância que o minuto em que os aborvo, me permite sorvê-los como o chupa de caramelo, em forma de chapéu de chuva, que comprava com dinheiro que me dava para os gastos na altura em que ainda tinha ideia de vir a ser alguém diferente de mim. por falar em chuva, a minha chuva quando me molha lava-me as palavras todas. um novo alfabeto começara sempre que se queira. modo protegido, desactivá-lo será como sorver aquele chupa de caramelo. dependerá sempre de come-lo sozinha ou partilha-lo.


Gostava de te olhar a dormir
mesmo que isso nunca aconteça.
Gostava de te olhar,
a dormir. Gostava de dormir
contigo, entrar
no teu sono, sentir o seu fluxo suave e nebuloso
a deslizar sobre a minha cabeça

e caminhar contigo nessa floresta luminosa
ondulante de folhas fluorescentes
com um sol aquoso e três luas
até à caverna onde terás que descer,
em direcção ao teu pior medo

Gostava de te oferecer o ramal de prata,
a pequenina flor branca, aquela
palavra que te protegerá
da dor a meio
do teu sonho, do desgosto
central. Gostava de te acompanhar
até ao cimo da longa escadaria
mais uma vez e de ser
o barco para te transportar de volta
com cuidado, uma chama
entre duas mãos em concha
onde o teu corpo se deita
ao lado do meu, e tal como nele entras
com a facilidade com que se respira

Gostava de ser o ar
que te habita durante um breve
instante. Gostava de te ser tão imperceptível
e tão necessária.

Margaret Atwood


 

o que eu acredito,  aquilo em que eu acredito é nas vontades, nos quereres e nos afazeres. acredito em mim, quando me olho ao espelho, no meu ou no dos outros. acredito nas  pessoas, quando olham para mim e principalmente quando nao me devem nada. Com isto creio que o melhor para nós é que façamos com que ninguem seja devedor de nós.  Quanto menos alguém nos dever mais devemos acreditar na pessoa.  Depois acredito em algo além de nós. Porque há alguma razão ou justificação para eu dar por mim a falar sozinha. Não é que haja intervenção,  mas também aqui não há credor, e muito menos, um devedor. e por isso tenho em mim toda a liberdade que a palavra acreditar nos traz.


Miguel Torga

07Set09

“o meu partido é o mapa de Portugal.  Sobre a descolonização escreveria: fomos descobrir o mundo em caravelas e regressámos dele em traineiras. Afanfarronice de uns, a incapacidade de outros e a irresponsabilidade de todos deu este resultado: o fim sem a grandeza de uma grande aventura.  Metade de Portugal a ser o remorso da outra metade. “


nem nada

02Set09

nem ninguem, nem eu, vê o estado de alma por detrás de palavras.


tenho dito

01Set09

quando me tocas o meu mundo equilibra-se.


password

27Ago09

“menina tinhas a password, que tinha um nome secreto, na ponta da lingua; menina tinhas nos dedos desenhos diferentes todos os dias, que tinham todos a mesma cor; menina tinhas pulseiras entraçadas umas nas outras, que tinham elásticos finos e leves; menina tinhas umas coisas até aos joelhos, que tinham bonecos e bonecadas e pequenada abraçada em forma de cordão; menina tinhas o brilho no olhar, que tinha o brilho do campo verde em tempo de primavera, menina tinhas tudo o que olhavas, que tinha tudo o que tu eras;  menina de tudo o que tinhas,  a password posso ser eu? ”

Coe.


voltei

21Ago09

pelas impercepções que as coisas as vezes assumem.

quanto de nós é preciso para ser feliz? tudo. mas não basta. é preciso também tudo dos outros.


 

melhor do que calmante. muito melhor.


“ai conho”

23Jun09

o sentido/significado das palavras varia sempre consoante o seu emissor.

toda a minha vida ouvi a minha avo mariana com esta expressao, e posso afirmar verdadeiramente que gosto dela. Hoje enquanto tomava um copo de café com gelo, pagava com um euro e recebia o troco no valor de um euro e quarenta centimos, ouvi uma senhora-a vizinha das flores, enquanto se sentava cá fora a dizer- ai conho. E de repente em mim houve sorrisos e uma breve recordação à infância e em concreto à minha avo. E assim  revivi. E ai percebi o quao desligado pode ser o significado das palavras. Há anos que nao ouvia o ai conho, o ai conho que nao me soa a ordinarice, o ai conho que me soa a avo. à avo mariana que levantava o braço quando se chateava connosco (era mais com a mana e primas, eu era uma miuda que gostava mais de olhar)  e dizia “conho”. o conho que eu observava. o conho que não era um significado, que era só dela, da avo mariana.


se entre o vosso dia-a-dia encontrarem uma miuda entre o moreno e o vermelhaço a cantar sozinha a ultima musica que deu na antena três, por volta das sete da tarde, pelas principais ruas da cidade, sorriam. Acabaram de se cruzar com o fenomeno abstracto chamado eu, e que faz parte do circulo de pessoas que só dá por si depois de acontecer.

Sou como aquelas pessoas (sim, espero que hajam mais),  que exercita o pensamento na causa e não na consequência. Mas só depois. Antes sou o abstracto.


estou aqui menos o dentro de mim. eu estou a caminhar por entre ruas estreitas direitas a uma associação. avisaram-me agora. espero reencontrar-me brevemente.


Baterás duas vezes e eu abrirei e não quererei acreditar que sejas tu. Entrarás num andar que desconheces e que é feito apenas para sobreviver. E aí me encontrarás, quem sabe porque estranho desígnio. Entrando na sala de jantar poderás ver o teu retrato e os nossos livros. Soará o Nocturno. Folhearás, quem sabe, Virginia Woolf. Virei atrás de ti com o desejo de sentir no meu rosto os teus cabelos. Sentar-te-ei com infinita ternura num dos velhos sofás compartilhados (onde estudavas nos últimos tempos um longo monólogo de mulher solitária — o que nunca foste). Espiarei os teus olhos, o triste sorriso dos teus lábios amáveis, entreabertos, e tudo acabará com um abraço que será o primeiro. Deixará de haver passado ou futuro. Tudo será lógico. E este poema nunca terá existido.


dom

18Maio09

que dom?


segredo

18Maio09

um segredo numa árvore com decadas de vida espreita. foi confiado de forma simples. levá-lo a sério é mais do que mante-lo segredo, é retribui-lo igualmente com outro. e viver a cumplicidade de um segredo, numa vida inteira. 

conta-me um segredo todos os dias.